São tantas coisas pra dividir com vocês... Tanta coisa que eu queria ter dito pra vocês e que por algum motivo não vim contar. O negócio é que quero priorizar o que faço no meu tempo vago. Hoje, dia 27, faz exatamente um mês que saí de licença maternidade e, acreditem, quando penso que daqui a 6 meses terei que voltar a trabalhar... Choro, me desespero e penso duas, três, milhares de vezes se irei mesmo conseguir. Terei que conseguir!
Por isso procurei me dedicar aos estudos. Estudar pra um concurso com salário melhor, menos horas trabalhadas. O governo promete inúmeros daqui pra lá, então vamos que vamos. Fiz um horário de estudo que tenho que seguir e o negócio é estudar sempre que Clarissa me deixa. E ela tem sido bem boazinha comigo.
O post aqui é mega atrasado, mas quero deixar registrado como foram os momentos pós parto no hospital e em casa... Simbora?
Eis que após a pediatra me mostrar Clarissa pela primeira vez e eu ter a imensa vontade de tirá-la dos braços dela e ficar lambendo e cuidando de minha cria, não me lembro de mais nada após ela ter ido dar o banho em Clarissa. Aliás, lembro-me sim. Lembro-me de ter olhado pro meu marido e ter dito: não saia de perto da Clarissa pra nada! E ele foi... E eu capotei. Quando acordei já estava numa maca no corredor da maternidade. Eu tremia de frio. Robinho estava de meu lado, me cobrindo com um cobertor grosso e dizendo: fique tranqüila, esse frio é normal. Eu na mesma hora perguntei por Clarissa... Eu ouvia um choro de bebê tão lindo que de repente cessava e de repente vinha com força. Perguntei se era ela, ele disse que sim, que ela estava se enrolando pra ir conosco por quarto. Chorei! A enfermeira veio e colocou ela em cima de mim. Eu não podia tocá-la, nem ninar e também não conseguia conversar com ela, mas foi automático: quando a enfermeira colocou-a em cima de meu corpo, imediatamente ela parou de chorar e não começou mais. Parecia conhecer que enfim ela estava no lugarzinho dela.
No quarto pediram a roupinha que ela iria vestir. Minha vontade era fazer aquilo. Levantar da cama, pegar a roupinha e vesti-la. Mas o PC só permite que a gente se levante após 12horas de anestesia. Afff Como tem gente que pode optar por um parto assim? Enquanto a enfermeira aplicava soro e remédios em mim, tia Ana ia vestindo sua roupinha de oncinha... E ela chorava agoniada. Acho que preferia que a mãezinha dela a trocasse. Depois disso o momento único: colocaram-na pela primeira vez para mamar em meu seio. Foi incrível: ela pegou de primeira e saia muito colostro. Chorei. No fundo eu não acreditava muito que teria leite, mas tive! Ela não chorava, parecia um anjo. Não pedia pra mamar, não pedia colo, não pedia pra trocar a fralda. Nada! Apenas dormia ali naquele bercinho, coladinho na minha cama, como eu pedi. Não consegui fechar os olhos por um minuto durante toda a madrugada... Minha tia e marido entre um cochilo e outro pediam pra eu dormir, descansar, que o dia seguinte seria puxado, teríamos visitas... Mas eu não consegui nem fechar os olhos. Eu parecia não acreditar que minha filha tinha nascido. E tão linda, e tão saudável, e tão quietinha. Como sonhei!
Vez ou outra as enfermeiras vinham pedir pra eu colocá-la no peito. Pra estimular a produção, porque fome ela não tinha mesmo. Minha vontade era de ficar com ela em meus braços, ninando, esquentando seu corpinho... Mas ela dormia tão bem no bercinho e eu estava em uma posição tão ruim na cama. Totalmente deitada, não podia sentar... Tudo por conta da anestesia.
Como minha grande Pequena nasceu com 3,834kg os médicos solicitaram medir a glicose dela a cada 6horas. Ai que judiação... Quando furaram pela primeira vez o pezinho dela, eu chorei junto. Depois ela se mostrou forte igual a mim, e se acostumou com a picadinha. Não chorava mais! Lindaaaaa.
Quando amanheceu eu estava louca pra tomar um banho, me levantar... Mas só fui liberada após o almoço. Levantei com ajuda de marido, mãe, cunhada... RS E tomei meu banho sozinha. Todos se impressionaram comigo. Disseram que eu estava ótima. Não tive gases, nem dores fora do comum. Claro que estava dolorida, o pé da barriga doía, não consegui colocar a cinta e quando me olhei enfim no espelho tomei um baita susto: eu estava toda inchada. Meu rosto estava enorme! Olhei pra minha barriga e me deu vontade de chorar. Ainda tinha barriga ali e eu queria que todo o inchaço, barriga e gorduras ganhos na gestação sumissem como passe de mágica. Que ilusão. Até hoje ainda não sumiu!
Fiquei mais de 1 hora no banho, me maquiei, vesti a melhor camisola e contrariando a todos da família, que disseram que eu não podia fazer esforço algum, peguei minha Clarissa nos braços pela primeira vez. De verdade! Lágrimas... É mágico! É mágico!
Muitas visitas, muitos elogios a nós, muito amor por todo o quarto. Todas as enfermeiras queriam ver a oncinha tão falada da maternidade. Sério, fizeram fila pra ver Clarissa. Além de grande, gordinha e linda, ela estava com uma roupinha diferente... E o povo queria ver aquilo. No fundo as músicas de ninar que marcaram nossa gestação e fotos dos 9 meses. Todos amaram!
Já eram quase 17horas quando recebemos alta da pediatra... Clarissa foi furar a orelhinha. Creiam: não chorou! Por sorte, filmei. O pai dela a colocou no bebê conforto, foi descendo com as milhares de malas e presentes. O carro estava cheio... Clarissa dormia... Passava pelos corredores e todas as enfermeiras e médicos queriam se despedir. A oncinha ficou famosa.
Minha mãe decidiu ir conosco pra minha casa. Lá fora era frio, já estava escuro... Meu marido trouxe o carro pra gente não se molhar. Eu notava o orgulho dele na face. Estava estampado!
Ele pegou o bebê conforto junto com Clarissa e colocou no carro. Pegou em minha mão e me ajudou a entrar... Tão atencioso, amoroso, dedicado! Enfrentamos um trânsito chato na volta pra casa... Mas nada nos estressava. Nosso calmante dormia como anjo. Entrei em casa com ela nos braços. Apresentei-a a cada cômodo, até levá-la ao seu quartinho. Troquei sua fraldinha pela primeira vez, cheirei muito seu rostinho, dei de mamar e coloquei em seu carrinho, ao meu lado da cama. Dormimos uma noite inteira, nem parecia haver criança ali. E por vezes, no meio da noite, eu e meu marido ainda alisávamos minha barriga, esquecendo que Clarissa não habitava mais nela. Esquecendo que Clarissa já estava entre nós!